LUÍS BERIMBAU - O MAGO

 Luís Berimbau: músico, compositor, cantor.
Foto: Kabá


'"Eu nasci no berço do jazz como uma coisa eclética,
não apenas o jazz do quatro por quatro,

o jazz da polirritmia, dos orixás".
(Berimbau, 2002)


Dia 15/03/15, completaram-se 10 anos da morte de Luís Henrique Audíface de Oliveira Freire, que por esse nome quase ninguém conhece. Talvez alguns até se lembrem, mas o músico e compositor baiano, era conhecido no meio artístico por "Berimbau". Conforme depoimentos de  amigos e parceiros, esse apelido, uma espécie de segundo batismo, lhe foi dado pelo maestro Carlos Lacerda, com quem Berimbau tinha grande aproximação. Para Lacerda, ele parecia um berimbau: "fino, comprido e de uma sonoridade ímpar". 
Juntando informações esparsas, deduzimos que Berimbau nasceu em 1945. Aos 19 anos, sua carreira musical iniciaria, em 1964, sob "a influência do jazz". 


O pequeno Luis Henrique, em uma fotomontagem típica da época (acervo familiar*)
Luis Henrique e seus pais (acervo familiar *)
O casal Audíface (acervo familiar*)
Casal Audíface (acervo familiar*) 
O jovem Luis Henrique, acompanhado de familiares (acervo familiar*)


Berimbau Compôs em parceria com Ildásio Tavares, Tito Madi, Dom Um Romão, Pedreira Lapa, Dilson Silveira; integrou o movimento Musicanossa, com Roberto Menescal, Rildo Hora, Johnny Alf, Mário Telles e muitos outros.
Escreveu, além de muitas composições individuais, um livro de poesias satíricas, Laivos. Aventurou-se também no romance policial, que ficou nos rascunhos.


Maria Creuza, Carlos Gazineo, Leny Andrade, Dóris Monteiro, Dick Farney, Nora Ney, Milton Banana (instrumental),  e mais recentemente Thais Villela, - numa releitura do DJ Bon.Ecko para a música Falsa Cabrocha, são alguns dos mais conhecidos intérpretes da obra do compositor.  
 
A cantora paulista Eloah (Aeluah Marize Souza Valle), emprestou a sua excelente qualidade vocal às canções do LP Os Orixás, correspondendo ao talento melódico e poético da dupla Berimbau/Ildásio Tavares, no trabalho mais representativo dessa polirritmia dos orixás, a que se referiu Berimbau.
 
Luís Berimbau esteve ligado a grandes nomes da MPB desde o início da sua atividade, como crooner de boate. Na década de 1960, cantava com o Quinteto Xangô, formado com Gecildo Caribé (piano), Lula Nascimento (bateria), Carlito (guitarra), e Bira (baixo), na boate do antigo Hotel da Bahia, em Salvador.

Músico, dividindo-se entre o piano, o violão e outros instrumentos de cordas, como o contrabaixo, Berimbau compunha invariavelmente ao piano, seu instrumento principal. A formação musical dele começou com o piano, instrumento com o qual conviveu desde que nasceu, por influência de sua mãe, que era excelente pianista. 

Como instrumentista ou como crooner, participou de diversos festivais, como o JB Jazz e Bossa, promovido pelo Jornal da Bahia, em 1964.

No início da década de 1980, trabalhou na TV Itapoan, onde permaneceu aproximadamente cinco anos, produzindo programas musicais. Participaria também, com apresentação de paródias, do programa Balanço Geral, na Rádio Sociedade da Bahia.

Luís Berimbau se tornaria mais conhecido como compositor depois de sua participação no programa do comunicador Flávio Cavalcanti. E, após temporadas de intensa atividade e longa permanência no eixo Rio- São Paulo, afirmava ser mais conhecido em Sampa do que na sua terra natal:
"Não me queixo da Bahia porque sou muito prestigiado pelo meio artístico daqui, mas São Paulo me prestigia mais, eles lembram mais de mim". (Berimbau).
Em reconhecimento a esse prestígio, dividiu com Tito Madi a composição Tanta Cidade, uma crônica em forma de canção, que fala de "uma cidade morando no coração de alguém que mora nessa cidade"

Os álbuns-solo O Mago e Berimbau e Parceiros, são registros da voz, das letras e melodias de Luís Berimbau, esse exótico compositor baiano, que incorporou, no seu estilo de composição, elementos do jazz e da bossa-nova, e agregou aos sambas uma pegada impregnada do jeito de compor dos conterrâneos Antonio Carlos & Jocafi (vide as músicas Falsa Cabrocha e Malvadez).
Luís Berimbau (2002)
Foto: Kabá


1967 - Ildásio Tavares e Berimbau iniciam uma longa pesquisa musical sobre os toques e as lendas dos orixás, cujos resultados serão as composições registradas pela dupla no disco Os Orixás (1977/78). Foi Berimbau quem apresentou Ildásio a Antonio Carlos Pinto, que mais adiante se tornaria marido da cantora baiana Maria Creuza e parceiro de José Carlos Figueiredo, o Jocafi.
 
1967 - Apolo 11 (Antônio Carlos Pinto/Ildásio Tavares/Berimbau) - LP Apolo 11 - Maria Creuza
 
Apolo 11
Composição: Antonio Carlos Pinto/Ildásio Tavares/Berimbau 
Interpretação: Maria Creuza

 
Só no céu
Gira o azul
Há muito a terra se perdeu
Nem a lua vem, a lua de ninguém
É sorriso e luz no espaço sideral
Tudo é paz
No vazio azul
Pousando na cratera
Solidão de espera
A Terra é uma estrela
No meu céu lunar
Caminho de voltar
As portas do universo
Abri de par em par
Novo rumo de sonhar
Solto na amplidão
Rompendo a escuridão
Vai pelo infinito sem parar
N/D - Apolo 11 (Antônio Carlos Pinto/Ildásio Tavares/Berimbau) - LP Piano de Informal (E Bossa)- Carlos Lacerda
Aos 23 anos de idade, Berimbau já andava pelo Rio de Janeiro.
Junto com Tito Madi, Johnny Alf, Mário Telles, Marcos e Paulo Sérgio Valle, Roberto Menescal e Rildo Hora, entre muitos outros, integrou o movimento Musicanossa:
"Foi maravilhoso porque estava cantando com meus ídolos". (Berimbau)

1967 / 1968

Iniciado pelo jornalista Armando Henrique Schiavo e pelo pianista de jazz/bossa Hugo Bellard em 1967, o movimento Musicanossa pretendia "juntar os pedacinhos" da Bossa Nova, que no Brasil já não tinha a mesma coesão e repercussão que na América.
Reuniram-se Roberto Menescal, Mário Telles, Antonio Adolfo, Mário e Oscar Castro Neves, Rildo Hora, Maurício Einhorn, Johnny Alf, Lúcio Alves, Ugo Marotta, Lindolfo Gaya, Dom Salvador, e muitos outros nome da Bossa Nova e do Jazz, que residiam no Brasil na época. O poeta Vinicius de Moraes foi talvez o único que não aceitou o convite.
Subdividido em três grupos, cada um com um diretor musical e arranjador, o movimento se autodenominou de Musicanossa. Antonio Adolfo, Roberto Menescal e Hugo Bellard eram os respectivos maestros.
Devido a disputas internas, o movimento se dissolveria após um certo tempo, deixando um importante legado para a musica brasileira, registrado em
três distintos álbuns, pelas gravadoras RCA, EMI e Rozemblit.
Destes, O LP Musicanossa da RCA Victor é o que nos interessa aqui, pois inclui a participação de Berimbau como crooner em duas faixas: Você Tem Que Sambar (Antônio Adolfo e Paulinho Tapajós) e Chorar Pra Que? (Rildo Hora).



 
1968 - LP “Musicanossa” (BBL 1445 - RCA Victor)
 
Palavras de Mário Telles, na contracapa do LP Musicanossa da RCA:


 
..."Berimbau, vindo da Bahia, trazendo um balanço e uma divisão incomuns, encontrou também no MUSICANOSSA do Rio a sua oportunidade e soube aproveitá-la, como vocês podem conferir ouvindo "Você tem que Sambar" de Antonio Adolfo e Paulinho Tapajós e "Chorar Pra Que?" de Rildo Hora."...

Rio de Janeiro, junho de 1968
Mário Telles

Arranjos:
1) Roberto Menescal
2) Guerra Peixe
3) Antonio Adolfo
4) Ugo Marota
5) Hugo Bellard
6) Mário Castro Neves

1968 - LP “Musicanossa” (BBL 1445 - RCA Victor) Lado 1 - Faixa 3 - Você Tem que Sambar (Antônio Adolfo/Paulinho Tapajós) - Intérprete: Berimbau
  
Você Tem Que Sambar
Composição:

Antônio Adolfo/Paulinho Tapajós

Interpretação: Berimbau

 Bota a sandália meu bem
A baiana também
Você tem que sambar
Todo ano é assim
Eu me dano e no fim
Você diz que não quer sambar
Que é que há
Deixa de lado o jornal
Que a notícia é geral
Você tem que sambar
E quem diz que mulher
Sabe tudo o que quer
Precisava lhe conhecer
Podes crer
Eu por mim largo tudo assim
Pego o tamborim
Vou brincar
Mas a escola não quer saber
Se enfeitou pra ver
Você desfilar
Vem sambar
Bota a sandália no chão
Que atrapalha na mão
De quem sabe sambar
Dessa vez você vem
Não dá vez a ninguém
Que a escola é seu lugar
Vem sambar

Vem, Vem
 
O instrumentista e compositor Rildo Hora foi o produtor do disco 'Musicanossa RCA Victor'. Nessa época, ele havia sido convidado por Geraldo Santos, para trabalhar como produtor naquela gravadora. E, por intermédio de Rildo Hora, de quem gravou Chorar Pra Que?, Berimbau iria também trabalhar na RCA.
Lado 2 - Faixa 6 - Chorar Pra Que? (Rildo Hora) - Intérprete: Berimbau

BERIMBAU NO EXTERIOR
1970 / 1971 - Nesse período, Berimbau estava indo para Denver, no Colorado (EUA). A essa altura, estaria com seus 25/26 anos. 
Integrou-se, assim, ao rol dos muitos músicos brasileiros que se deslocaram para a América do Norte, em busca do sucesso e realização,  do acesso aos recursos tecnológicos, espaços e platéias, respaldados pela grande aceitação da música brasileira no exterior.
Mas Berimbau não foi apenas na  aventura. Seguiu como estudante, em intercâmbio acadêmico, conforme mostra o programa de um dos shows que realizou:
Nessa época, constatamos que embora assumindo e tornando digno o codinome Berimbau, ele ainda buscava uma forma de apresentar sua personalidade artística, variando algumas vezes a grafia do seu nome próprio. No programa, consta a apresentação de "Berimbau Luiz Freire".
Texto original do programa:
"LUIZ FREIRE
Mr. Luiz freire, commonly known as "Berimbau", is studying at Adams State College under a program of exchange between Adams State College and the Instituto de Estudos Califórnia of the Universidade Católica do Salvador.
A veteran of the Brazilian Television Industry for eight years, "Berimbau" has enjoyed the popularity of many Brazilians in the state of Bahia. He has participated in musical groups such as "Musicanossa" and the "Bossa Nova Movement." He has presented with the award Aldeia do Arcozelo. Luiz Freire has also made several records with R.C.A. in Brazil. His participation in shows and theather include "A Bossa da Bossa", "Nós Três", "Eu sou Berimbau", and others.
"Berimbau was awarded the best interpretation in the festival "Brazil Canta no Rio." He was in the Festival "Nordestino da Canção Popular" in Bahia and was also a juror in a musical TV program for musicians."

 
Tradução livre do texto:
"LUIZ FREIRE
Luiz Freire, usualmente conhecido como "Berimbau", está estudando no Adams State College através de um programa de intercâmbio entre o Adams State College e o Instituto de Estudos Califórnia da Universidade Católica do Salvador.
Veterano da televisão brasileira há oito anos, "Berimbau" desfruta de popularidade no Brasil e na Bahia. Ele já integrou grupos musicais como o "Musicanossa" e o "Movimento Bossa Nova." Participou do prêmio Aldeia do Arcozelo.
Luiz Freire também fez várias gravações na RCA no Brasil. Sua participação em shows e em teatro incluem "A Bossa da Bossa", "Nós Três", "Eu sou Berimbau", e outros. 
Berimbau foi premiado com a melhor interpretação no festival "O Brasil Canta no Rio". Também estava no "Festival Nordestino de Música Popular" na Bahia e foi jurado em um programa de televisão para músicos."

PROGRAMA

1 - Canção de Fingir Retorno - Berimbau
2 - Prepare a Pauleira - Berimbau/Ildásio Tavares
3 - Bahia - Ary Barroso (Na Baixa dos Sapateiros)
4 - Balanço Zona Sul - Tito Madi
5 - Garota de Ipanema - Jobim/Vinícius
6 - Me Dê um Doce - Berimbau
7 - Mas Que Nada - Jorge Ben
8 - Você Não Dá - Berimbau
9 - No Azul da Manhã - H. Camara
10 - Meu Limão Meu Limoeiro - Folklore
11 - Berimbau-Canto de Ossanha - Baden/Vinícius
12 - Diplomacia - Batatinha
13 - Marina - Dorival Caymmi
14 - Giboeirinha - Carlos Lacerda
15 - Rosa Morena - Babi de Oliveira
16 - Saudade da Bahia - Dorival Caymmi



Integram o repertório dessa apresentação as inéditas Canção de Fingir Retorno (Berimbau), Prepare a Pauleira (Berimbau/Ildásio Tavares),  Me Dê um Doce (Berimbau), Você Não Dá (Berimbau), que poderia se tratar da composição Falsa Cabrocha, primeira a ser gravada por Gazineo, em 1973.
As demais canções mostram uma panorâmica da canção popular brasileira, com nomes dos mais representativos, e incluindo o compositor baiano Carlos Lacerda, com sua célebre composição Giboeirinha.

Quanto às informações registradas nesse folheto/programa de concerto, não podemos confirmar muita coisa, por falta de fontes precisas, a não ser a participação de Berimbau no movimento Musicanossa, e alguma passagem ligada aos projetos de Paschoal Carlos Magno (Aldeia de Arcozelo, em Paty do Alferes (RJ)), conforme o próprio Berimbau informou na pesquisa publicada por SANTANA & SANTOS (1998). Nessa publicação, consta ainda a atuação de Berimbau na TV Itapoan e na Rádio Sociedade da Bahia, só que no início da década de 1980. Sendo assim, devemos encarar com reservas ambas as fontes. (Veja fac-símile do livro "Talentos Musicais da Bahia; dos Inéditos aos Inesquecíveis, ao final desta postagem).


ANDANÇAS DE BERIMBAU
Berimbau teria trabalhado com Paschoal Carlos Magno, (Poeta, dramaturgo, romancista, diplomata brasileiro (RJ), no Festival de Teatro do Estudante. Isso deve ter ocorrido em 1971, no período que antecede sua ida para Denver, Colorado-EUA. No mesmo ano, Paschoal Carlos Magno organizou e dirigiu o VI Festival Nacional de Teatro de Estudante, na Aldeia de Arcozelo, com a realização de espetáculos, e a participação de 32 grupos. A Aldeia sediou incontáveis festivais, seminários e congressos de teatro, circo, dança, ópera, cinema, educação, artes plásticas, música e arte indígena.
Aldeia de Arcozelo, 1999
(Desenho livre do arquiteto Guilherme Madeira)
A propósito da Aldeia de Arcozelo, temos o depoimento do cantor Carlos Gazineo, intérprete que esteve constantemente ao lado de Berimbau:
"Fizemos um show juntos na Aldeia de Arcozelo, de Paschoal Carlos Magno, no Rio, e foi um sucesso. Paschoal adorou, e passamos uns 15 dias na Aldeia. Cantamos na mesma noite em que se apresentava o Tamba Trio, com Luiz Eça. Nesse show eu cantei umas cinco músicas de Berimbau que foram muito elogiadas, não só por Paschoal como por todas as pessoas que assistiram. Rosita Salgado e Emília Biancardi foram as responsáveis pela nossa entrada na Aldeia, porque embora nós tenhamos ido sozinhos, estávamos acompanhando dois amigos do Viva Bahia, que era um grupo folclórico dirigido por Emília. Paschoal não nos conhecia, mas nos deixou entrar, desde que pela manhã do dia seguinte nós retornássemos, já que não fazíamos parte do Viva Bahia, foi aí que nessa mesma noite aconteceu o show. Rosita disse a Paschoal que nós éramos muito bons artistas baianos e ele nos pediu uma canja, que acabou durando uma hora de show, elogiadíssimo, por isso, daí em diante, Paschoal não nos deixou mais sair de lá e passamos 15 dias ou mais. Foi lindo!"
Carlinhos Gazineo (depoimento ao autor via e-mail, abril de 2015).   


MÚSICA INSTRUMENTAL - O JAZZ DE BERIMBAU

Na discografia do baterista carioca Doum Romão existem três composições de música instrumental divididas com Luís Berimbau. Dom Um, que passou a morar nos Estados Unidos a partir de 1965, gravou nos EUA o álbum Dom Um Romão, contando com a participação dos músicos brasileiros Dom Salvador, João Donato, Sivuca e Portinho, ao lado de expoentes como Stanley Clarke.

1974 - LP Dom Um Romão - Muse Records – MR 5013 (EUA) Gravado: 06 de Junho/21 de Novembro, 1973
 
 
Faixas: 1 - Dom's Tune (Blanchris/Berimbau/Dom Um Romão) 3 - Family Talk (Blanchris/Berimbau/Dom Um Romão) 5 - Braun-Blek-Blu (Blanchris/Berimbau/Dom Um Romão)

Guitarra Acústica – Amauri Tristão
Baixo – Frank Tusa, Stanley Clarke 
Congas – Eric Gravatt
Bateria, Percussão, Produção – Dom Um Romao
Piano Eléctrico, Piano – Dom Salvador
Flauta – Lloyd McNeil
Guitarra Elétrica – Joe Beck
Harpsichord, Piano – Joao Donato
Liner Notes – Gary Giddins
Orgão, Piano, Guitarra – Sivuca
Percussão – Portinho
Produção – Joe Fields
Gravação – Michael DeLugg
Saxofone [Alto], Flute – Jerry Dodgion
Saxofone [Tenor], Saxofone [Soprano], Flauta – Mauricio Smith
Sintetizador – Richard Kimball
Trombone – Jimmy Bosse
Trumpete – William Campbell, Jr.

 
 
 Family Talk (Instrumental) 
(Blanchris/Berimbau/Dom Um Romão)

INTÉRPRETES DA OBRA DE BERIMBAU
 
  1973 - Falsa Cabrocha (Berimbau) - Gazineo - Compacto Odeon
 (Violão: Jocafi)
Falsa Cabrocha
Composição: Berimbau 
Interpretação: Carlos Gazineo

Vou procurar
Uma cabrocha diferente de você
Você não dá
Não dá
Todo mundo preparado
Todo o morro alvoroçado
E você diz não vou sambar

Vou procurar 
Alguém que fique até o dia amanhecer
Que seja boa de sambar e de amor 
Ainda ontem no ensaio
O mestre-sala me chamou
E de seus modos reclamou

Ignorante quem mandou
Você sambar
Você chega, faz alarde
E depois, com muito charme
Diz que cansou
Antes do samba começar


 
1974 - Falsa Cabrocha (Berimbau) - LP Milton Banana
Medley com Falsa Cabrocha e Liso, Leso e Louco (instrumental).
Orquestrações dos maestros José Briamonte e Kuntz Naegele.
 
Milton Banana - LP Odeon (SMOFB 3833, maio/74)
Falsa Cabrocha / Liso, Leso e Louco
(Berimbau/Antonio Carlos/Jocafi)



1974 - Compacto Simples Odeon – S7B-776, Odeon – SBRCO-41.601/2
Lado A: Matreira (Berimbau) ) 00:00 - 02:59
Lado B: Saiceiro (Berimbau) 03:00 - 05:53

1975 - Falsa Moral (Berimbau/Bentana)
 
1975 - Falsa Moral (Berimbau/Bentana) - Leny Andrade LP/CD Leny Andrade
Em um comentário de 2015, o cantor Carlos Gazineo afirma ter presenciado o momento da criação, revelando que na verdade essa composição é de Berimbau sozinho. A parceria teria sido oferecida a Bentana para que este ajudasse na divulgação, o que põe em cheque a autenticidade de outras parcerias, como mais uma das peculiaridades encontradas na música popular brasileira, assim como a venda de autorias. 
Gazineo gravaria essa música em seu primeiro LP, em 1978.
 
 
Falsa Moral
Composição: Berimbau/Bentana
Interpretação: Leny Andrade

Ela diz que é moralista
E que na sua lista
Pra semana inteira
Nunca tem besteira
E se eu tiver convite
Pra não convidar

Diz que quem quiser se irrite 
Mas moça de elite
De sociedade
Não tem amizade
Com quem sobe morro
Pra querer sambar

Só que sem ter samba eu morro
E um amor eu mato
Sem qualquer remorso
Sem qualquer maltrato
Sem qualquer desgosto
Pro meu coração

Ela diz que o samba é coisa 
Que vem do diabo
Que samba é maldade
Que samba é pecado
Mas por ela o samba 
Eu não troco não

Se é pecado sambar
Pecador eu sou
Pecador eu sou
Pecador

 
 
1975 - Malvadez (Berimbau)- CPD Dóris Monteiro
 
Malvadez
Composição: Berimbau 
Interpretação: Dóris Monteiro

Foi malvadez
Foi malvadez que você fez
Me abandonar
Me deixar na pior
Me maldizer
E ainda dizer que vai rir muito se eu chorar
Que só deseja ver meu final chegar

Destruiu
Toda minha paz
Me traiu
Isto não se faz
Nem sei o que foi que eu fiz
Pra você ter que me ver tão infeliz


 
 
1976 - Casualmente (Berimbau) - LP Tudo isto É Amor
Vol. 2 - Dick Farney e Claudette Soares
Casualmente 
Composição: Berimbau 
Interpretação: Dick Farney

Porque será 
Que você quis
Me consolar
Na solidão
Eu me perdi
Você chegou
Pra me encontrar
Nem sei porque
Que foi haver
Encontro entre nós dois
Casualmente
Houve um olhar
Dizendo coisas
De não falar
E aconteceu, então
Você sorriu
O riso ladrão
Roubou de novo
Meu coração

 
 
1976 - Não Encontro Maria (Berimbau) - LP Dick Farney 
Arranjo: Júlio César de Figueiredo 

Não Encontro Maria
Composição: Berimbau 
Interpretação: Dick Farney

Já vi rosa de rosa ao cabelo
Num samba ficar
Vi Aurora com sinceridade
Amor declarar
Tão contente fiquei
Que até perdoei
A Marina que o Caymmi condenou
E a Tereza na praia encontrei
Como Lúcio deixou
A garota que Tom fez de som
Continua a passar
E a loura de todos um dia
Me pediu pra voltar
As mulheres dos outros eu vi
Mas não era bem o que eu queria
Caminhando por toda a cidade
Não encontro Maria


 
1978 - Tarde Pra Mudar (Berimbau) - LP Dick Farney



Tarde Pra Mudar
Composição: Berimbau 
Interpretação: Dick Farney

Dia que começa
Noite que termina
Pego o carro e outra vez dirijo pra rotina
Acendo um cigarro
Lembro tantos planos
Penso em minha vida com você
Há tantos anos
Velhos sonhos teimam em voltar
Mas eu sei que é tarde pra mudar

Nos fins de semana
Ir e vir da praia
Se chover, dormir
E então deixar que a chuva caia
Do seu cafezinho
Ter que ser um fã
À noite, apagar a luz e esperar
Seu 'até amanhã'
Me aborreço e tenho qua calar
Pois eu sei que é tarde pra mudar

Vejo outras mulheres
Mas não sei porque
Quando estou com elas
Meu sorriso é pra você
Pois no fim das contas
Só resta você
Tudo quanto  quis da vida ter
Como é bom se ter a quem amar
'Inda bem que é tarde pra mudar


OS ORIXÁS: BERIMBAU, ILDÁSIO TAVARES, CARYBÉ E JORGE AMADO JUNTOS NUMA MESMA OBRA

Um dos trabalhos musicais mais importantes e criativos já realizados, com referência direta sobre a cultura afro-brasileira é o disco Os Orixás, no qual Berimbau tem como  parceiro o poeta baiano Ildásio Tavares. Trabalho que você pode conhecer em detalhes na postagem do blog TempoMusica:


Ainda não ouví um trabalho da qualidade de Os Orixás, dentro da proposta musical do álbum, a não ser o Afro-Sambas, de Baden-Vinícius. Não por coincidência, um encontro de um poeta e um músico. Não por coincidência, ambos geniais. E olha que eu pesquiso muito isso aí, por uma questão de afinidade. É notável a musicalidade do ogan alabê Ildásio que, acredito, contribuiu muito mais do que à primeira audição podemos pensar. Basta comparar o estilo composicional de Berimbau nessa obra, com outros trabalhos seus.
 
1978 - LP Os Orixás - Som Livre - 4036153
LP Os Orixás - Som Livre - 1978 Músicas de Berimbau e Ildásio Tavares Voz: Eloah Arranjos: Elcio Alvarez Capa: Carybé
(veja neste blog a postagem sobre este álbum):

  
FAIXAS:
Lado A: 1. Exú - Berimbau/Ildásio Tavares 2. Ogun - Berimbau/Ildásio Tavares 3. Omulú - Berimbau/Ildásio Tavares 4. Oxossi - Berimbau/Ildásio Tavares 5. Logun Edé - Berimbau/Ildásio Tavares 6. Nanan - Berimbau/Ildásio Tavares LADO B: 1. Oxun - Berimbau/Ildásio Tavares 2. Yansan - Berimbau/Ildásio Tavares 3. Yemanjá - Berimbau 4. Xangô - Berimbau/Ildásio Tavares 5. Oxalá - Berimbau/Ildásio Tavares 6. Axé Opô Afonjá - Berimbau/Ildásio Tavares - Alujá - Berimbau/Ildásio Tavares
 
 
  

LP Os Orixás - Áudio Completo

LP Os Orixás - Som Livre - 1978 Lado B - Faixa 3. Yemanjá (Berimbau) Voz: Eloah

Yemanjá
(Letra e música: Luís Berimbau)
Interpretação: Eloah

Se eu vivesse do jeito que eu queria
E se fosse dia dois de fevereiro na Bahia
Eu fazia um barco todo de ouro
Mandava um tesouro pro mar

De Yemanjá,
Yemanjá
Mãe sereia
Feita de água e areia
Cabelo cor de horizonte
Estrela d'alva na fronte

De Yemanjá,
Yemanjá
Mãe sereia

Farol da Barra alumiou o mundo
Foi ela quem mandou que o mar fosse baiano
De Piatã ao continente africano

De Yemanjá,
Yemanjá
Mãe sereia

Odô Yá Ê Ê
Odô Yá Ê Ê Ê


A seguir, um texto publicado originalmente na Revista Música, Ed. Imprima. Março de 1980. (Acessado em: blog Velhidade -Eduardo Menezes)


Os Orixás: Melodias e Tradições do Candomblé da Bahia
 
"O elepê "Os Orixás" reúne doze composições de autoria de Berimbau e Ildásio Tavares, calcadas nos ritmos e melodias do tradicional culto negro no Brasil, o Candomblé da Bahia. As músicas são interpretadas por Eloah (Aeluah Marize Souza Valle), cantora paulista, que após anos de experiência em coros, lança-se como solista, demonstrando uma grande tarimba, e sensibilidade vocal.
Mas não se trata, simplesmente, de mais um disco reunindo canções inspiradas em rituais dos Orixás. Além de tudo é um trabalho feito por artistas, que pertencem à comunidade religiosa negra mais tradicional e fechada da Bahia. Tavares detém um alto posto na casa de Oxum, Berimbau da casa de Oxossi, e Eloah, após as iniciações preliminares, passará a ocupar um lugar.
Da longa vivência que Ildásio e Berimbau tiveram da riqueza afro-brasileira, surgiu a idéia de produzir um disco homenageando os Orixás. A capa do disco é de Carybé, um dos mais festejados artistas plásticos do Brasil, com renome internacional. A contracapa é de Jorge Amado que dispensa qualquer comentário."


LP Os Orixás - Som Livre - 1978 
Lado A - Faixa 5. Logun Edé (Berimbau/Ildásio Tavares)
Voz: Eloah
  
Logun Edé
Composição: Berimbau/Ildásio Tavares

Interpretação: Eloah

 Ê ê ê ê ê
Fara Logun Fara Logun Fa

No fundo da mata escondeu seu tesouro
Tesouro tirado do fundo do mar
De conchas e búzios e peixes de ouro
Tesouro de Oxun para Oxossi guardar

Brincou pelo mato menino guerreiro
Na caça e na pesca, reinando Logun
Cansou foi pro mar, mergulhou bem ligeiro
Tirando de Oxossi o tesouro de Oxun

Ê ê ê ê ê
Fara Logun Fara Logun Fa 



MAIS INTÉRPRETES DO CANCIONEIRO DE BERIMBAU

1979 - Dick Farney/Lúcio Alves - Antes Que Alguém Se Lembre Dela (Berimbau)

1984 - Falsa Moral (Berimbau/Bentana) - Cantando Sorrindo LP Carlos Vicente (Carlos Gazineo)

 
1984 - Fogo Aceso (Tito Madi/Berimbau) - Cantando Sorrindo LP Carlos Vicente (Carlos Gazineo)
Fogo Aceso
Composição: Tito Madi / Berimbau 
Interpretação: Carlos Gazineo

Você nega o seu perdão
E tem na expressão
Um jeito de desprezo
Mas a voz do seu olhar
Não para de falar
Que o amor é fogo aceso
Quando o amanhã vier
Apesar de você
Dizer que não me quer
De repente uma canção
Fará você lembrar
Da velha estória finda
E nos braços da emoção
Você vai retornar
E esperarei ainda


1985 - Dick Farney Especial - LP EMI/Odeon (Coletânea)
Faixa 01 - Antes Que Alguém Se Lembre Dela (1979)

Compositor: Berimbau

 
Antes Que Alguém Se Lembre Dela
Composição: Berimbau
Interpretação: Dick Farney e Lúcio Alves
TEREZA DA PRAIA 2
Antes que Alguém Se Lembre Dela, composição de Berimbau interpretada pela dupla Dick Farney e Lúcio Alves, sugere uma continuação da antológica Tereza da Praia. No samba de Berimbau, Dick Farney e Lúcio Alves relembram a Teresa da Praia, musa inspiradora e personagem central da composição de Tom Jobim e Billy Blanco.

1987 - Tanta Cidade (Tito Madi/Berimbau) - Meu Cantar É Tempestade de Saudade LP Nora Ney

Tanta Cidade
Composição: Tito Madi / Berimbau
Interpretação: Nora Ney

Tanta cidade amanhece numa febre incontida
Tanta cidade se apressa, nessa pressa da vida
Tanta cidade que passa pra ir trabalhar, lutar
Mesmo sem ter tempo pra nada, ainda tem tempo de amar

Tanta cidade anoitece em luz agitada
Pois não descansa, não dorme, não pode parar e então
Sinto um enorme prazer, sinto tanta emoção
Pelo fato de haver tanta cidade morando no meu coração

Tanta cidade que passa pra ir trabalhar, lutar...

Tanta cidade anoitece em luz agitada
Pois não descansa, não dorme, não pode parar e então
Sinto um enorme prazer, sinto tanta emoção
Pelo fato de ter esta São Paulo morando em meu coração
Esta São Paulo morando em meu coração

Crítica do jornalista Aramis Millarch:

 
"Nora Ney, que, em tão boa hora, retorna num elepê belíssimo ("Meu Cantar é Tempestade de Saudade", 3M) ... aos 66 anos ... continua soberba como mostra neste elepê produzido por Moacyr Machado, no qual resiste inclusive a um repertório comercial... o maior momento é Tanta Cidade, parceria de Tito Madi/Berimbau, que num arranjo magnífico de Eduardo Assad, com solos de sax alto (Rivert Santos), e trombone (Walter Azevedo) se constitui não só numa das músicas mais bonitas deste ano - mas, assim como Tito já havia feito para o Rio Grande do Sul... cria uma belíssima canção de amor à cidade de São Paulo. Uma belíssima canção que por si já vale o retorno de Nora Ney, a cantora que instituiu "a escola do caso de amor na canção brasileira"-, como disse o amigo Zuza na contracapa.(...)"
(20/03/1988). 

1987 - Em 23/02/1987 Berimbau registrou a firma do Estúdio Luís Berimbau, que funcionava no endereço Boulevard América, 19 sub solo - Jardim Baiano, bairro de Nazaré, onde residia.

HOMENAGEM MUSICAL A MÃE STELLA DE OXOSSI

1989 (19 de setembro) 
Berimbau e Ildásio Tavares
Texto do poeta e ogã alabê Ildásio Tavares, publicado por ocasião da comemoração dos 50 anos de iniciação religiosa da Ialorixá Mãe Stella de Oxossi.
Tribuna da Bahia 19/09/1989
Estrela azul Mãe Stella
Ildásio Tavares

..."Participei, depondo, na mesa de Mãezinha, presidindo a mesa de Mãe Stella. Justifica-se: Mãezinha me fez ogan; Stella me fez obá. E, no final, com a colaboração de José Emanuel, Cleofe Martins, Claúdio e Sílvia Nazário, apresentamos uma música que eu e Luís Berimbau fizemos para Mãe Stella e seus 50 anos de luz, pois ela é a luz que nos guia, estrela azul, Mãe Stella, brilha no céu da Bahia." 

Outra versão para Estrela Azul: muitos anos depois, essa letra de Ildásio Tavares seria novamente musicada pelo compositor baiano Edil Pacheco e incluída no disco O Samba Me Pegou (2003), tornando-se a versão oficial. 
Veja em breve, informações mais detalhadas sobre essa música, na postagem sobre Ildásio Tavares no blog TempoMusica.

Em complementação, e relativamente à participação de Berimbau no Axé Opô Afonjá, eis um trecho do depoimento de Carlos Gazineo ao autor, sobre Luís Berimbau:
...“Ele era Ogan do Axé Opô Afonjá, pelo menos ele me dizia isso. Ia sempre visitar uma Mãe de Santo chamada Stella". (Carlos Gazineo, abril de 2015).

1991 - UM LIVRO DE POESIAS - A SÁTIRA DE BERIMBAU


"Cada poema é uma crítica, indiretamente dedicada a uma determinada figura pública conhecida, da Bahia ou do Brasil. Duas delas, "A UM CERTO GENTLEMAN" e "A UM CERTO RACISTA", referem-se ao próprio pai, o médico Dr. Eliezer Audíface, um  homem muito educado, mas que tinha uma relação extremamente difícil com Berimbau. Ele não revela a quem são dedicados. Mas geralmente são pessoas do meio político, artístico e literário. Alguns são fáceis de identificar, como Sílvio Santos Sarney, ACM, General Newton Cruz, Figueiredo, ministra Zélia Cardoso, Faustão, Maluf, o então prefeito Fernando José, e assim por diante".
Comentário de Dilson Silveira Filho ao autor, em abril de 2015.


A Ficha Catalográfica e o Prefácio de Laivos, são de Ildásio Tavares.

PREFÁCIO DE LAIVOS:
"Alexander Blok, poeta russo, disse uma vez que na vodca da ironia nós bebemos, ao mesmo tempo, do fel da amargura e do mel da esperança. A ironia é um degrau da sátira, por isso vejo nestes poemas satíricos de LAIVOS não uma chicotada maniqueísta, sadicamente profligando pessoas do mais diverso quilate. Vejo neles um decidido animus corrigendi que oculta um menino travesso a troçar do mundo mau dos adultos, mas querendo, no fundo, mudá-lo. LAIVOS é, mesmo em seus momentos mais pornográficos, um livro de ética. Castiga os transgressores da verdadeira moral, do bom senso, da razão. Como todo bom livro de sátira, LAIVOS tem como alvo a Loucura. Não pretende humilhar ou maltratar ninguém dos que flecha. Pretende desnudar a loucura sob seus mais diversos disfarces.
Cabe ressaltar, ainda, a qualidade técnica dos versos. O autor revela-se um engenhoso artesão a manobrar palavras no emaranhado universo do cômico. É estranho fazer as pessoas rirem, dizia Bergson. É estranho e difícil, digo eu. Principalmente em suas quadrinhas, o autor mostra-se um exímio versejador, produzindo risos; fazendo espirituosos jogos de palavras, enfim, inscrevendo-se numa linhagem de poetas satíricos baianos, que vem de Gregório de Matos e passa, no nosso século, por figuras como Sílvio Valente e Laffayette Spínola. Lê-se com prazer e reflexão a sátira de LAIVOS."

Ildásio Tavares (1991)

OUTRA INTERPRETAÇÃO PARA FOGO ACESO

2000 - Fogo Aceso (Tito Madi/Berimbau) - Cantando o Amor - CD de Cláudia Moreno



LUÍS BERIMBAU - O MAGO

2002 - CD O MAGO

11/07/2002 - A Tarde:
Criações de um mago
Depois de dez anos de “silêncio”, o violonista e compositor Luís Berimbau lança novo CD. Ele foi um dos nomes importantes na música e movimentos artísticos baianos nos anos 60 e 70.
10/07/2002 - Correio da Bahia:
De volta à magia musical
Gravado por estrelas brasileiras dos anos 60, como Dick Farney e Nora Ney, o compositor baiano Luís Berimbau lança o CD "O Mago"
 

Disco: O Mago
Artista: Luís Berimbau
Produção: Wesley Rangel
Gravadora: independente
Lançamento: 11/07/2002, às 18h3
Restaurante do Solar do Unhã

FAIXAS: 
1. Jussara (Luís Berimbau) 
2. O Que É Que Eu Vou Fazer (Luís Berimbau) 
3. Noturno (Luís Berimbau) 
4. Sei Lá (Luís Berimbau) 
5. Megalópolis (Luís Berimbau) 
6. Pretensões (Luís Berimbau) 
7. No Balcão (Ildásio Tavares /Luís Berimbau) 
8. Capoeira (Luís Berimbau) 
9. Trajetória (Luís Berimbau) 
10. Outrora (Luís Berimbau)


Apresentação por Sérgio Cabral:


"Fazia tempo que não via Luís Berimbau, um baiano que conheci no Rio de Janeiro, enturmado com um grupo denominado Musicanossa e que tinha, entre os seus integrantes o compositor, cantor, gaitista, violonista 
e produtor musical Rildo Hora, que, mais tarde, seria meu parceiro, em minha curta carreira de compositor. Aliás, era de Rildo uma das músicas que Luís Berimbau cantava. Chamava-se Chorar pra que? - Já lá se vão 33 anos. Eis que, em 2001, tomo conhecimento de que meu amigo Berimbau continua firme e, mais do que isso, gravando um disco inteiro com a sua obre de compositor. Um compositor romântico, de imagens inesperadas, como aquela do verso "faça de conta que a reta curvou-se pra nos cumprimentar", de definições precisas, como a da "multidão de solidões particulares" e de confissões sinceras, como as que estão na letra de Outrora. Fiquei feliz com o reencontro, por vê-lo em plena forma, compondo sozinho, ou com o poeta e também amigo Ildásio Tavares. Resta-me torcer pelo seu êxito, pelo sucesso do disco e para que o Brasil inteiro adote as canções de Luís Berimbau. Sei que, para meu sonho se realize, o artista terá que ultrapassar todas as barreiras que separam o criador do seu público. Mas não será tão difícil. Eu, por exemplo, já aderi à obra de Luís Berimbau."
Sérgio Cabral


O CD O Mago teve o patrocínio do cônsul geral honorário do Japão, Emilton Rosa, e contou ainda com o apoio cultural da Bahiatursa e da Secretaria da Cultura e Turismo do Estado da Bahia. O jornalista, escritor e pesquisador carioca Sérgio Cabral assinou a apresentação do CD.
O CD O Mago "é um apanhado da minha carreira. Aqui tem músicas de 30 anos de idade. Mas o que vale é que a gente canta valores que não têm tempo definido, como amor e dor-de-cotovelo". (Berimbau)
Berimbau ficou quase dez anos afastado do mundo artístico devido a problemas de ordem pessoal. Segundo ele, foram amigos como  Justino Marinho, Kabá Gaudenzi, Ildásio Tavares, Pedreira Lapa, Emilton Rosa, Carlinhos Marques, Dilson Silveira e Tito Madi, (se desculpando por esquecer de citar outros nomes) que o incentivaram a voltar à cena musical:
"Tem gente que vai ficar com ciúme, mas eu tenho uma sorte tremenda porque Deus me deu amigos a mancheias". (Berimbau)
Megalópolis
Composição: Luís Berimbau
Interpretação: Luís Berimbau

Um festival, pintado em cores mais escuras;
Desfila dores e amarguras
Nas ruas de Megalópolis
A multidão
De solidões particulares,
Em unhas, dentes e olhares,
Guerreia em Megalópolis...
Ei, táxi,
Me leve ao centro do porque de tudo isto,
Me leve ao cais, me leve ao caos,
Me leve ao Cristo,
Me leve aonde eu consiga me esconder
De Megalópolis
Ei, táxi,
Me leve asfalto afora, fora de mim mesmo,
Quero correr, girar, passar, andar a esmo,
Me leve ao ponto onde eu não tenha que temer
Ser Megalópolis.


Arranjo / teclado / programação: Luizinho Assis
Baixo: Carlinhos Marques


 
Capoeira
Composição: Luís Berimbau
Interpretação: Luís Berimbau
 
 João vivia na rampa do mercado,
Era um homem valente, respeitado,
Sabia lutar capoeira...
João nunca enjeitou uma parada,
Sem se assustar com tiro, nem facada,
Brigava por qualquer besteira...
João pescava no mar, em jangada,
Não queria barra, ou enseada,
Só ia pescar em alto mar;
Era filho de Yemanjá...
Saiu, naquele dia, com mar crespo,
Dizendo que não tinha medo,
Que mil peixes ia enredar.
Depois, sentindo chegar sua hora
Não quis se entregar, sem demora,
Lutou capoeira com o mar...
Santa Maria não adiantou
E São Bento Grande, também não,
Cavalaria, João tentou...
Na briga dos dois, o mar ganhou...



Arranjo / teclado / programação: Luizinho Assis
Arranjo de berimbaus / baixo: Carlinhos Marques
Berimbaus / percussão: Ramiro Musotto
Vocal: Ângela Lopo / Tita / Chiquita Santiago



Na época do lançamento do CD O Mago, seu único trabalho inteiramente autoral, o compositor Berimbau produzia trilhas para documentários institucionais de empresas como a Embratur. Berimbau contava então com 57 anos de idade (2002).
Gilmar Linhares, em comentário no blog TempoMusica:

"Luís Berimbau, meu amigo e parceiro de música, esteve aqui na minha casa em Ribeira do Pombal, para fazer um show, o lançamento do seu CD "O MAGO". Dias depois, fui à casa dele e passei um dia inteiro com ele em salvador, onde ele mostrava-me novas canções compostas por ele, que segundo me disse, "se tratava de trilha sonora". 
(Gilmar Linhares, 23 de janeiro de 2014).


O Que É Que Eu Vou Fazer
 Composição: Luís Berimbau
Interpretação: Luís Berimbau


Com muita razão, começo a canção
Falando em você,
Não tenho outro tema, já é um  problema,
Só falo em você,
Dizendo a verdade, perdi a vontade
De ver toda a gente, porque francamente,
Só penso em você
No sol, na garoa, em cada pessoa,
Só vejo você,
Em qualquer assunto, respondo e pergunto,
Ouvindo você...
Só tem que existe um fato bem triste:
Estou só, agora, você foi embora...
Que é que eu vou fazer,
Não posso esquecer você.

Arranjo / teclados: Luizinho Assis
Baixo / violão / surdo: Carlinhos Marques


2003 - CD DEUSA HUMANA - BERIMBAU E PARCEIROS

FAIXAS: 
 
1. Deusa Humana
(Dílson Silveira/Luís Berimbau) 2. No Balcão
(Ildásio Tavares/Luís Berimbau) 3. Trajetória (Luís Berimbau) 4. Pano Verde
(Kabá Gaudenzi/Luís Berimbau) 5. Visão
(Dílson Silveira/Luís Berimbau) 6. Abençoado Abassá
(Pedreira Lapa/Berimbau) 7. Jussara (Luís Berimbau) 8. O Que É Que Eu Vou Fazer?
(Luís Berimbau) 9. Vitrine dos Sonhos
(Pedreira Lapa/Luís Berimbau) 10. Sei Lá (Luís Berimbau) 11. Amanda (Dílson Silveira/Luís Berimbau) 12. Megalópolis (Luís Berimbau)
  
Arte de Vânia Reis para o CD independente
Arte de Vânia Reis para o CD independente  
 
Este, que seria último trabalho em disco de Berimbau, foi elaborado após o CD O Mago. Várias faixas de O Mago foram reaproveitadas no CD Deusa Humana - Berimbau e Parceiros
Comentário de Dilson Filho sobre esse trabalho: 

"O Dilson Silveira dos créditos é o meu pai. Eu sou o Dilson Silveira Filho. Na verdade, meu pai não é músico. Ele apenas compôs três letras para que Berimbau musicasse. Estas são as únicas participações dele no mundo da música. Ele é dentista e professor de Odontologia aposentado. Além de ter escrito vários livros na área da Odontologia, escreveu um livro de memórias - Turma do Campo da Pólvora - da qual ele participou e também fez parte Ildásio Tavares. Sua atuação em música, foi apenas nestas três parcerias com Berimbau. As demais canções do CD são parcerias com Ildásio, Pedreira Lapa, Kabá Gaudenzi e algumas são do próprio Berimbau sozinho."
As canções cujas letras foram escritas por Dilson Silveira são: Deusa Humana, Visão e Amanda.
 Deusa Humana 
Letra: Dilson Silveira
Música: Luís Berimbau
Interpretação: Luís Berimbau

Quando ela aparece em qualquer ambiente
Seu porte elegante a todos encanta
Ela é uma jovem princesa
Alma em flor
Flor do amor

Oh musa linda e soberana
Você é deusa ou é humana

O leve balanço do corpo bem feito
Combina certinho com o rosto perfeito
Que revela infinita beleza


Se cala, me entristeço
Se fala, escuto um canto
Se olha, vejo encanto
Se sorri, rejuvenesço


Complementando sobre a produção do disco:
“Esse disco foi independente. Fizeram, na época, um show de lançamento, em uma casa de shows no Rio vermelho. Eu, naquele período, ainda estava residindo no interior do estado, e não pude estar presente. Meu pai não lembra maiores detalhes, Mas foi em 2003. Não temos a relação dos músicos, apenas sei que Carlinhos Marques participou. Era muito amigo de Berimbau e estava sempre com ele em seus últimos anos de vida. Foi uma pena a partida tão repentina dele. Assim como a de Ildásio Tavares também.”
(Dilson Filho - depoimento ao autor, via e-mail em 10/05/2011) 

E finalmente, o link disponibilizado por Dilson Filho para o áudio e as informações do CD Deusa Humana - Berimbau e Parceiros:


OUTROS DEPOIMENTOS

Carlos Gazineo, cantor baiano, amigo pessoal e também um dos intérpretes mais constantes da obra de Berimbau:
“Ele (Berimbau) se apaixonou por uma pessoa e fez a seguinte música, cuja letra é curta mas a linha melódica é linda. Chama-se  Em Tom de Você."

Em Tom de Você
(Letra e música: Luís Berimbau)

Em tom de você
Bailou a canção
Em tom de você
Sem tom de razão
E ao som do mar você se fez meu céu
Você se fez canção
Que foi cantada pra eu adormecer
E quando despertei
Você, se fez um lindo amanhecer
De um amor, que é todo paz
Com o sol, que brilha menos que você
E que me beija menos que você
Tudo isso, é só canção
Em tom de você

"Berimbau era um excepcional compositor, cantor, e ainda tocava violão. Ele tem uma música chamada Rosinha do Mercado, que é uma beleza de letra também, e a melodia é linda. Todas essas músicas dele que continuam inéditas, eu cantei muito em shows, junto com ele.”
Carlinhos Gazineo (depoimento ao autor via e-mail, abril de 2015).

Rosinha do Mercado
(Letra e música: Luís Berimbau)

Virgem Santa Nossa mãe Ave Maria
Ainda que eu pudesse correr mundo eu ficava
Eu ficava na Bahia no mercado todo dia
Pra ver Rosinha brincar de amor

Rosinha laço de fita
Rosinha ramo de flor
Diariamente no mercado  troca segredos de amor
Tem o riso do pecado de quem sofre todo dia
Vende pranto amargurado no mercado da Bahia
Pra quem quer, pra quem quer

Rosinha aquela menina
Filha única de Janaína
Tem pra vender, da Bahia, o sol , o céu , e o mar
Pra quem quer comprar, pra quem quer comprar, pra quem quer comprar

Dilson Silveira Filho foi amigo de Ildásio Tavares e também muito amigo, além de vizinho, de Luís Berimbau. Seu pai, Dilson Silveira, autor da letra em três canções de Berimbau, acompanhou a produção do seu livro de poesias, sugerindo temas e estimulando a elaboração dos poemas, pelo que, mereceu o reconhecimento de Berimbau, em dedicatória, como "o maior incentivador de Laivos", no exemplar que guarda do livro de poesias do músico.
Numa das várias correspondências que trocamos, Dilson relata:

"Berimbau gravou um CD, pouco antes do disco Berimbau e Parceiros, musicando poemas de grandes autores, como Castro Alves, Cecília Meirelles e Alphonsus de Guimarães. Deste último, o poema foi "Ismália", que suicida-se, atirando-se, de uma torre, para as águas do mar em noite de lua. Essa foi sugestão de meu pai. O CD ficou ótimo, mas meu pai não ficou com uma cópia na época. Não sabemos quem possa ter. Acho que ele não chegou a fazer um lançamento. Apenas gravou no estúdio da casa dele."

Comentários de Dilson Filho à postagem sobre o LP Os Orixás no blog TempoMusica em 2011:

"Berimbau faleceu em sua residência, no Jardim Baiano. Ninguém soube ao certo o motivo, ele foi definhando, sem apetite, mas ninguém imaginou que faleceria uma vez que, ao menos aparentemente, não tinha nenhuma doença. Nos últimos dias não comeu quase nada, apenas iogurte. Morreu de repente. Fui ao enterro dele, em 16/03/2005, no Cemitério das Quintas. Havia muitos artistas, como Luiz Caldas." (Dilson Filho, abril de 2011).

E é ainda ele quem traz a informação da data de passagem do músico:
"Caro Roberto, meu pai esteve com a ex-funcionária de Berimbau e ela confirmou a data exata da morte dele: 15 de março de 2005. De fato, quem pesquisa a vida e a obra dos bons artistas de nossa terra encontra muita dificuldade em obter informações precisas, e na maioria das vezes estas se dão de forma oral, pela lembrança das pessoas.
Eu tenho o CD "Berimbau e Parceiros", em que ele musicou três letras de meu pai." (Dilson Filho, maio de 2011).
O cantor Carlos Gazineo, hoje com 69 anos de idade e muita vivência no meio musical, tem uma lista de canções inéditas de Berimbau, e um projeto para realizar: gravar em disco esse repertório do compositor que ele, como poucos, conhece bem. 
Torçamos para que essa produção não gravada de Berimbau que, por alto, supomos ser bem maior do que a que está nos discos, possa vir a público através da voz desse e de outros intérpretes. 
Espero que estas palavras e sons iluminem e estimulem, no sentido de que cada vez mais pessoas despertem sua consciência para o valor das páginas empoeiradas e adormecidas da nossa cultura musical.
Como fez o DJ Boneco: 

  
2009 - Releitura de Falsa Moral (DJ Bon.Ecko)
 Falsa Moral 
Voz: Thais Villela
Uma releitura de Bentana e Berimbau (inspirada na gravação de Leny Andrade de 1975)
Remix por Bon.Ecko
Intérprete: Thais Villela Teclados: Eliseu Fiuza
Produção: Bon.Ecko (Alquimia dos surdos)


AGRADECIMENTOS:

Meus mais sinceros agradecimentos a Dilson Silveira (o pai) e Dilson Silveira Filho, pela disponibilidade em atender às minhas consultas e em ceder as informações e os arquivos, como o livro Laivos e o CD Deusa Humana.
Agradecimentos também a: Carlos Gazineo, Ayeska Paulafreitas, Gil Vicente Tavares.

(*) As cinco fotos em preto e branco acima, são de acervo familiar e foram editadas pelo autor a partir de postagens publicadas no site Facebook de Ricardo Brito de Almeida.
  REFERÊNCIAS: 
 
 
SANTANA, Amandina A. Ribeiro de, SANTOS, Milta de Azevedo. Talentos Musicais da Bahia; dos  inéditos aos inesquecíveis. Salvador: GBK, 1998.

AUDÍFACE,
Luiz. Laivos. Salvador: Edições Palmares, 1991. 


http://albswiss.blogspot.com.br/2012/07/academia-de-letras-da-bahia-e-sua.html

https://tecituras.wordpress.com/tag/teatro-do-estudante-do-brasil/

https://ouvirmusica.com.br/nora-ney/tanta-cidade/
http://www.millarch.org/artigo/nora-ney-faz-anos-da-um-presente-sua-voz
https://www.youtube.com/watch?v=PDJD3Y2te8U
https://plus.google.com/115390610349691226444/posts/AFEbCsHgzNZ
http://bahiaempauta.com.br/?p=84445
http://discosdobrasil.com.br/discosdobrasil/consulta/detalhe.php?Id_Disco=DI00088
http://discosdobrasil.com.br/discosdobrasil/consulta/detalhe.php?Id_Compositor=CO01294 
http://www.dicionariompb.com.br/musicanossa/dados-artisticos
http://www.samba-choro.com.br/s-c/tribuna/samba-choro.0207/0388.html 
(VValdemar Pavan)
http://velhidade.blogspot.com.br/2014/01/berimbau-e-ildasio-tavares.html
http://www.popsike.com/RILDO-HORA-FORMA-4-1968-Musicanossa-LP-BRAZIL-HEAR/270841938602.html
http://ceao.phl.ufba.br/phl8/popups/1989-09-19-r.pdf
https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ufba/197/1/Nossos%20colonizadores%20africanos.pdf 
 
Material publicado originalmente neste blog em 15 de março de 2015, a partir de elaboração do autor e de pesquisas realizadas principalmente na internet, constituídas de coletas de depoimentos e arquivos de imagens, áudio e vídeo cujas fontes são mencionadas e detalhadas. Eventuais cópias de trechos e compartilhamento do conteúdo da publicação são permitidos, desde que citando a fonte e a data de acesso.
Se você encontrar o conteúdo acima inteiramente copiado em qualquer outro endereço na internet ou outra forma de apresentação, saiba que o autor não foi consultado ou não lhe foi solicitado nenhum tipo de autorização.
 
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Comentários

  1. Há muito tempo que ando querendo saber sobre Berimbau e, por esses dias, ouvindo Casualmente no Youtube encontrei, para minha surpresa, várias músicas dele. Fiquei ouvindo e tem tanta coisa linda, que compositor maravilhoso!
    Conheci Berimbau num bar, acho que no final dos anos 70, início de 80, fomos apresentados e eu disse que era louco por Casualmente e ele cantarolou. Fiquei surpreso com a sua simplicidade, muito doce, sem vaidade. Era magrinho. Depois nunca mais vi, mas vendo essas fotos agora me recordo da sua figura aqui por Salvador, ele ficou muito diferente do que eu conheci naquela noite...deixou a barba crescer...
    Trabalhei na TV Itapuã no início dos anos 80, mas não lembro dele por lá.
    Adorei reencontrar Berimbau neste blog, lembrado e homenageado com muito carinho, com o respeito necessário a alguém tão talentoso como ele foi e tão importante para a música baiana e brasileira. Infelizmente, as letras inteligentes e músicas com harmonias sofisticadas, como são as de Berimbau, já não são mais feitas por aqui.
    Parabéns!

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